Quando apitar o início do jogo entre Avaí x Caçador, válido pela 5ª rodada da Copa SC, na Ressacada, em Florianópolis, neste domingo (17), um filme vai passar na cabeça de Franciel dos Santos Martins, de Pescaria Brava. O árbitro de 25 anos tem recebido oportunidades em jogos cada vez mais importantes nos campeonatos de futebol em Santa Catarina e se inspira em outros colegas da região para crescer na profissão.
Franciel é formado desde 2018. Um ano depois ingressou no quadro da Federação Catarinense de Futebol (FCF). “Minha carreira até aqui se resume em muita luta, dedicação e amor pela arbitragem”, garante. Receber a primeira oportunidade não demorou. Apitou Imbituba x Pedra Branca, pela Copa Santa Catarina sub-15. “Lembro até hoje como comemorei aquela escala”, conta. “Tive muitas oportunidades e uma sequência muito boa de jogos”, festeja Franciel. O bom início foi interrompido por um problema que afetou também a arbitragem.
O futebol foi impactado pela pandemia de coronavírus. Em Santa Catarina vários jogos deixaram de acontecer e, naturalmente, muitos árbitros ficaram sem partidas para apitar. Mas Franciel não abaixou a cabeça e continuou focado no plano de crescer. Em 2021 recebeu a chance de comandar pela primeira vez um jogo de futebol profissional – Atlético Catarinense x Caçador, pela Série C estadual. “Foi uma emoção incrível, comemorei muito. Só quem está nesse meio sabe a felicidade que é receber essa chance”, salienta. Também esse ano Franciel apitou jogos da Série B de Santa Catarina. A avaliação da FCF concluiu que ele estava pronto para comandar um jogo de Copa SC.
A região tem se consolidado como formadora de bons árbitros de futebol. O mais conhecido é Bráulio da Silva Machado. Morador de Tubarão, ele tem sido escalado para jogos do Campeonato Brasileiro da Série A com frequência. Outro que tem crescido é Ramon Abatti Abel, também do Sul de SC. “Eles são duas referências. Procuro assistir vários jogos deles para aprender o máximo possível”, afirma Franciel. “Tenho metas, sonhos e almejo chegar a um nível nacional. Para isso treino muito, me dedico. Estou investindo nesse sonho. Procuro sempre focar no presente, treino a treino, jogo a jogo, respeito o processo e acredito no trabalho da comissão de arbitragem. Sei que se eu fizer minha parte as oportunidades continuarão aparecendo”, garante.
Apesar de fundamental para o futebol, a arbitragem não é uma profissão, na teoria. O sonho da classe é ver o trabalho regulamentado. Franciel acredita que o nível dos árbitros vai crescer se a pauta for alcançada. “Enquanto os jogadores são pagos para treinar e têm toda a estrutura dos clubes à disposição, os árbitros são responsáveis pelo seu preparo físico, médico e nutricional. Muitos não vivem exclusivamente da arbitragem. A maioria concilia com outra profissão, então com a profissionalização o arbitro poderia se dedicar exclusivamente para isso, podendo ter um rendimento ainda melhor. Esperamos em breve desfrutar dessa conquista”, conclui.
Hoje a Liga Tubaronense de Futebol (LTF) possui 11 árbitros filiados, 18 assistentes e oito delegados. Para quem busca ingressar no quadro é necessário participar de um curso oferecido pelo Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de Santa Catarina (Sinafesc). Ele é oferecido todos os anos pela entidade.